quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O OURO DA CASA, Entrevista e Artigo Completos



O passado dia 3 de Dezembro, marcou o Dia Internacional da Pessoas com Deficiência. A Escola Secundária de Alves Redol, como instituição com mais de 50 anos, não podia deixar incólume este dia. Como tal, realizou-se uma acção de sensibilização intitulada de " A Deficiência Motora - Quebrar Barreiras".
Levada a cabo pelas alunas Ana Rodrigues, Joana Silva, Rute Mendes e Tânia Reis, do 12º. D e enquadrada na disciplina de Área de Projecto, contou com a presença de todos os elementos da Direcção da escola e com a colaboração especial dos Professores de Educação Física Fátima Ferreira (Directora-Adjunta) e Nuno Ferreira, para além dos alunos do 3º. Ano do Curso Técnico-Profissional de Fotografia, coordenado pelo Professor Manuel Figueiredo e cujas fotografias ficaram a cargo dos alunos Elson Nascimento e Nuno Araújo.
A realização de um jogo de basquetebol em cadeira de rodas foi o culminar desta actividade. Com atletas expressamente vindos da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), mostraram como ser deficiente não é ser menor que os outros, proporcionando um espectáculo de qualidade aos alunos e professores presentes no Pavilhão Gimno-Desportivo da ESAR, que se encontrava bem composto. Tendo iniciado o jogo exclusivamente com elementos da APD, as equipas foram paulatinamente revezando os seus elementos, proporcionando um primeiro contacto a alguns dos espectadores presentes, que se confessaram “surpreendidos” com a maneabilidade e a leveza das cadeiras. Com isto, mostraram a capacidade de “driblar” qualquer tipo de constrangimentos.
No entanto, para além do jogo, este evento serviu para alertar a necessidade de haver melhores infra-estruturas a nível nacional e a aplicação de um estatuto de atleta de alta competição, tal como nas modalidades “normais”, que permitam extrair todo o potencial destes atletas que merecem ter uma representação condigna com todas as potencialidades, que todos sabem que estes desportistas têm.
O resultado final do jogo (26-19) foi o menos importante, face à luta contra a barreira social, pois a deficiência não significa menoridade.

ENTREVISTA COM UM PRATICANTE
Combatente na Guerra Colonial do Ultramar, António Vilarinho, com 63 anos, é um dos atletas da APD. Com 39 anos de actividade, e após um processo de fisioterapia no Centro de Alcoitão, é um dos veteranos desta selecção. Estivemos à conversa com este atleta:
Diogo Nunes – Após ter feito o processo de fisioterapia, como descobriu o seu interesse pelo basquetebol em cadeira de rodas?
António Vilarinho – Antes do acidente no Ultramar, eu já era praticante de futebol. Contudo, depois, o interesse pela modalidade do basquetebol em cadeira de rodas foi surgindo e cativou-me.

Diogo Nunes – Comparando com o início da sua carreira, quais são os maiores progressos que encontra?
António Vilarinho – As maiores diferenças são a nível do equipamento. Destaco a cadeira, que enquanto no início da minha cadeira, era muito semelhante a uma comum cadeira de rodas. Desde há 20 anos para trás, e com o maior nível de profissionalização a nível internacional, começaram a ser usadas cadeiras com titânio e alumínio. As cadeiras tornaram-se muito mais leves e maleáveis. No entanto, os apoios mantêm-se – zero – e sem eles, não conseguimos comprar equipamento de melhor qualidade e que nos permita bater-nos por melhores classificações.

Diogo Nunes – Qual considera ser o maior desafio a nível físico desta modalidade?
António Vilarinho - Para mim, a grande coordenação que tem de existir entre cadeira e bola.

Diogo Nunes – Uma última questão, em jeito de curiosidade. Já defrontaram alguma equipa de basquetebol profissional?
António Vilarinho – Sim, há uns anos. Jogámos contra o Benfica e como houve as naturais dificuldades de adaptação por parte deles, obtivemos um resultado bastante favorável. Foi um dia muito bem passado esse.

ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE A MODALIDADE:

· As cadeiras, feitas de alumínio e de titânio, para além de incluírem as 4 rodas normais, incluem mais 2 rodas, de menor dimensão, que evitam os efeitos “cavalinho” e “égua”
· Existe um campeonato nacional, mas que apenas contém equipas amadoras. Já em Espanha, existe um campeonato com equipas profissionais
· Cada cadeira personalizada custa entre os 2000 e os 4000 euros e pode conter protecções de plásticos nas rodas, de modo a proteger os aros dos embates
· O melhor recinto para a prática desta modalidade, é em chão com tacos de madeira, que diminui o atrito entre cadeira e pavimento
· As regras são muito semelhantes, excepto com o transporte de bola, em que podem ser feitos sempre 2 dribles, agarrar e driblar 2 vezes de novo, sem limite de vezes
· O período de adaptação, para novos praticantes, situa-se entre 1 e 2 anos, período durante o qual as qualidades começam a sobressair.




Diogo Nunes, 12.º D

Fotografias dos Alunos do Curso de Fotografia





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