quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Entrevista Completa a João de Carvalho

Entrevista ao Vereador da Cultura da C.M. de V.F. Xira, Dr. João Carvalho

Boa tarde, Sr. Vereador,

Sou aluno da Escola Secundária de Alves Redol da equipa do Jornal Escolar: “O Alves”

OA: Quais são os seus projectos para o desenvolvimento cultural de Vila Franca de Xira?

JC: São vários. Penso que há falta de divulgação dos espectáculos que têm aparecido no nosso concelho. Há que dinamizar as pessoas, se não conseguimos levar as pessoas às salas, “levam-se as salas às pessoas”. O que vai acontecer é que vão aparecer muitas actividades culturais nas ruas, nos cafés, nos mercados, aqui, ali e acolá. Vamos começar a fazer várias actividades na rua, desde teatro, música, bailados, isto em todo o concelho.

OA: Qual a área da cultura que lhe parece menos desenvolvida? Porquê?

JC: A que me parece menos desenvolvida é o bailado. Há algumas escolas de sevilhanas. Ah! O teatro, mas o teatro nas escolas esta vivo. Dou-me sempre por contente, porque quem fundou os “Aprendizes do Fingir” fui eu. Em termos das artes performativas, é sem dúvida o bailado que tem menos escolas no concelho.

OA: Aceitaria um convite para divulgar os seus projectos para o Concelho e saber pelos jovens as suas expectativas culturais?

JC: Há uma coisa que as pessoas não sabem. Não somos donos de toda a verdade. Não tiro protagonismo nem quero o protagonismo. O que vier, que venha por bem, é sempre essencial. Quando vocês quiserem! Aceito, claro.

OA: É difícil conciliar a carreira de actor com a de edil?

JC: É. Eu tenho abdicado dos meus momentos de descanso. Sou actor, não sou político. Vou morrer actor, não vou morrer político e continuo a fazer algumas coisas à noite. Tenho gravado CDS, livros, histórias infantis, dobragens, mas sempre à noite. Mas não, não é nada fácil.

OA: Qual é a que lhe dá mais prazer?

JC: Representar. Não quer dizer que esta também não dê prazer, porque não é assim tão diferente como este posto. A diferença é que os actores representam as palavras dos outros e os políticos representam as suas próprias palavras.

OA: Onde pensa que é mais útil? Porquê?

JC: Neste momento, onde estou. É onde sou mais útil ao meu concelho. Mesmo economicamente estaria melhor como actor. Mas este é o sítio certo no momento certo.

OA: Acha possível sobreviver-se apenas como actor de teatro, actualmente, em Portugal?

JC: Eu penso que a qualidade é sempre reconhecida por todos. Aqueles que têm qualidades sobrevivem sempre.

OA: Que conselhos daria aos jovens que querem seguir a carreira de actores?

JC: Se gostam realmente do teatro e de representação que vão para uma escola de teatro. Não se deixem apaixonar por aquilo que a televisão nos mostra. A fama do momento!

OA: Que trajecto terão de percorrer?

JC: O trajecto é simples, faz a sua escola até ao ensino obrigatório, quando entrar no secundário, entra numa escola própria, por exemplo em Lisboa, há escolas em que se faz o secundário com teatro e seguem depois para o Conservatório, neste caso a Escola Superior de Teatro e Cinema. Mas normalmente estas escolas têm premissas de entradas, testes para se poder entrar.

OA: Agora, a propósito do acordo ortográfico, qual é a sua opinião, concorda ou não concorda? Porquê?

JC: Não sei daqui a quanto tempo entrará em funcionamento, tanto para um lado como para outro, eu continuo a escrever da mesma maneira como escrevia, não estou muito preocupado com o acordo ortográfico, porque nós próprios conseguimos adaptar-nos a isso. O facto é que se não tiver o “c” passa a ter uma coisa parecida. Nós adaptamo-nos à maioria, mas nós é que somos a base da língua.

OA: Acha possível a construção de uma Universidade ou de um Instituto Politécnico, aqui, em Vila Franca de Xira?

JC: Espero bem que sim. Na fábrica do arroz não se pode construir nada, por estar num terreno de alagamento e pertencer à administração do porto de Lisboa. Já a União Desportiva Vilafranquense também está construída num sítio que não deveria estar. O que não quer dizer que não se possa aproveitar os espaços já construídos para se construir, por exemplo, um Instituto Politécnico, pois temos falta de técnicos neste país. Há muitos engenheiros e doutores mas, não, bons técnicos.


OA: Que outro projecto cultural gostaria de ver realizado no nosso concelho, ou em que outro projecto cultural gostaria de apostar para o Concelho?

JC: Vamos ter algumas coisas a acontecerem no rio, por exemplo, vai-se sentir a diferença. E posso dizer que é já no Colete Encarnado.

Muito obrigado em nome de todos os vilafranquenses.


David Serôdio, 12.º B

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